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Ana Maria Dalsasso Educação
É Professora de Comunicação. Formada em LETRAS – Português/Inglês e respectivas Literaturas, Pós-graduada em Metodologia do Ensino pela Universidade Federal de SC - UFSC, cursou a primeira parte do Doutorado em Educação pela Universidade de Jáen na Espanha, porém não concluiu. Atua na área da Educação há mais de quarenta anos. Em sua trajetória profissional, além de ministrar aulas, exerceu a função de Diretora de Escola Pública, Coordenadora Pedagógica da Escola Barriga Verde, Pró-Reitora de Ensino de Graduação do UNIBAVE/ Orleans. Dedica parte de seu tempo livre com trabalhos de Assistência Social e Educacional, foi membro do Lions Clube Internacional por longos anos, hoje faz parte da AMHO – Amigos do Hospital, além de outros trabalhos voluntários na comunidade e seu entorno. Revisora de trabalhos acadêmicos: Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado.
Os danos da linguagem neutra para a língua padrão. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso13/05/2025 15h00
Foto/Freepik
Dentre tantos absurdos que temos visto no país nos últimos tempos, talvez a mudança mais insana que está sendo proposta seja a tal “linguagem neutra”, já comentada aqui neste espaço, mas que se fazem necessárias discussões constantes em virtude das últimas informações que nos chegam sobre a interferência da “suprema corte” nos municípios que optaram por dizer não à linguagem neutra. A educação não é competência do STF; à corte compete a manutenção da ordem e promoção da harmonia na nação.
De acordo com Constituição Federal em seu Art.13 “a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. É fruto de dezenas de anos de prática, organizada por regras e é a representação da cultura do povo. Mudanças são frutos de muito estudo por especialistas na área e não por juízes.
Nos últimos anos, o debate sobre a linguagem neutra tem ganhado espaço na sociedade brasileira, impulsionado por movimentos em prol da inclusão e da representação de gênero na língua portuguesa. A proposta é que a utilização de expressões que não se submetam aos gêneros masculino e feminino ajude a criar um ambiente mais inclusivo. Contudo, a adoção da linguagem neutra levanta questões sobre os prejuízos que essa prática pode trazer para a norma culta da língua portuguesa e para a comunicação formal e institucional.
Um dos principais prejuízos da linguagem neutra é a sua vulnerabilidade à ambiguidade. A introdução de terminações como “-e” ou o uso de símbolos, como o “@” ou o “*”, em vez das terminações tradicionais de gênero, pode tornar as construções de frases confusas e difíceis de entender. Por exemplo, em vez de utilizar “alunos” ou “alunas”, a proposta sugeriria “alunes”, o que pode gerar incertezas sobre a referência à pluralidade. Em um contexto educacional, essa confusão pode comprometer a clareza das mensagens e dificultar a compreensão por parte dos alunos.
Outro aspecto a ser considerado é o impacto da linguagem neutra na norma padrão da língua, que é amplamente utilizada em contextos formais, como na literatura, na imprensa e nos documentos oficiais. A língua padrão cumpre funções importantes de padronização e entendimento comum entre os falantes. A introdução de uma linguagem neutra pode desestabilizar essa norma, criando falhas que prejudicam a comunicação eficaz. Assim, é essencial que a norma culta permaneça como um referencial de clareza e coesão na língua.
Além disso, a linguagem neutra pode gerar resistência e polarização social. Embora a intenção seja promover a inclusão, a imposição de novas regras linguísticas pode levar a um desacordo nas esferas sociais e acadêmicas. A linguagem é uma construção social que reflete as interações de seus usuários; portanto, qualquer tentativa de implementar uma nova norma requer um consenso que, até o momento, não parece existir. Isso pode resultar em divisões entre aqueles que defendem a linguagem neutra e os que a veem como uma ameaça à tradição linguística.
Por último, a adoção da linguagem neutra pode desviar o foco das questões pertinentes sobre igualdade e justiça social. Ao invés de centrarem-se em ações concretas e mudanças nas estruturas sociais que perpetuam a exclusão, o debate pode tornar-se excessivamente centrado na forma da linguagem, o que pode acabar esvaziando a discussão sobre os direitos e a representação efetiva de diferentes grupos na sociedade.
Embora a proposta de uma linguagem neutra busque promover a inclusão e representar de forma mais justa as diversas identidades, os prejuízos para a língua padrão e para a comunicação eficaz são notáveis. A ambiguidade, a desestabilização da norma culta, a polarização social e a distração das questões essenciais sobre igualdade revelam os desafios dessa implementação. Portanto, é crucial que o debate sobre a linguagem neutra seja conduzido de forma a considerar não apenas as intenções inclusivas, mas também os impactos práticos que essa prática pode ter sobre a língua e a comunicação na sociedade. A busca por uma linguagem mais inclusiva deve caminhar lado a lado com o respeito pela clareza e pela norma linguística.
Enfim, aderir à ideia da linguagem neutra é desconstruir a bela e culta Língua Portuguesa. Se eu pudesse perguntaria aos ministros: é legal em nome da inclusão dos indefinidos, roubar o direito dos definidos que são maioria?
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor.
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Medicina no foco das avaliações. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso29/04/2025 14h00
Foto/Banco de imagens – Freepik
Semana anterior conversamos sobre a avaliação das escolas de Ensino Superior, num geral, realizada pelo Ministério da Educação e Cultura. Hoje lançaremos um olhar sobre o curso de Medicina, tendo por base os dados divulgados e o debate levantado, considerando o baixo nível de qualidade da maioria dos cursos em todo país.
O Brasil é o segundo maior país do mundo em número de faculdades de Medicina. São 389 escolas para uma população de 211 milhões, perdendo apenas para a Índia com cerca de 600 cursos, porém com uma população de 1.438 bilhão, ou seja, sete vezes maior que o Brasil. Vale registrar também que nosso país está na frente dos Estados Unidos com 125 escolas para uma população de 334 milhões, e da China com 150 escolas, com 1.411 bilhão de habitantes.
Em 1990 nosso país possuía 78 faculdades de Medicina, hoje 389. Houve um salto quantitativo, porém não qualitativo, uma vez que muitos cursos se concentram em municípios que não atendem os critérios mínimos para a boa formação de futuros médicos.
Deixo bem claro que nunca fui contra a interiorização do ensino superior, mas esse movimento tem que acontecer com qualidade, estrutura adequada, professores habilitados e compromissados com uma formação de qualidade. Mas, o que temos visto é o aumento desordenado de faculdades, sem atender os requisitos legais. Não apenas Medicina, mas tantos outros cursos que só funcionam no “cuspe e giz”. Faltam laboratórios, faltam práticas. Teoria sem prática, é vazia. Abrir por abrir é falta de ética e comprometimento. É preciso dar condições para a formação e depois valorizar o profissional no exercício de suas funções.
Voltando à avaliação da Medicina é muito preocupante a situação. Dos 309 cursos avaliados apenas seis,1,9%, obtiveram a nota máxima, 38,5% nota quatro, e 50,5% três. Daí entender o motivo de disparar o número de erros médicos. Segundo o Conselho Nacional de Justiça CNJ) entre 2023 e 2024 os processos aumentaram em 506% por atendimento inadequado. Dados da OMS um em cada dez pacientes sofre danos no atendimento. São milhares de mortes por ano por erros médicos, tais como: medicamentos, cirurgias e diagnósticos, além de infecções hospitalares. Eu tive a infelicidade de ser vítima de um erro médico que por pouco não me tirou a vida. É preciso que as instituições repensem e tenham consciência que Medicina não é comércio, não é para ganhar dinheiro, é para salvar vidas.
Ratificando o exposto, neste ano dos 175.000 acadêmicos de Medicina, 45.000 concluirão o curso; destes apenas 16% terão vaga para especialização (residência), onde ganham segurança e informação para o exercício da tão nobre profissão. Os demais vão para hospitais, postos de saúde com uma base de conhecimento rasa, fragmentada, sem preparo real para o exercício da função. Despreparados, perdidos, inseguros…
Em suma, a má qualidade de ensino nos cursos de Medicina no Brasil é um problema grave que requer atenção imediata. É essencial que haja uma reestruturação das instituições de ensino, investindo em infraestrutura, atualização docente e um currículo que contemple uma formação mais prática e humanizada. Somente assim, poderemos formar médicos competentes e preparados para atender às necessidades da população, contribuindo para a melhoria do sistema de saúde no país. As consequências de um mau médico são vastas e profundas, afetando não apenas a vida dos pacientes diretamente envolvidos, mas também o sistema de saúde e a confiança da sociedade na medicina.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor.
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Decadência do Ensino Brasileiro. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso15/04/2025 15h00
Foto/Banco de Imagens Freepik
Há décadas estamos acompanhando calados, omissos e inertes a decadência do ensino brasileiro, como se não tivéssemos parte de responsabilidade no problema. Aos poucos o sistema educacional foi sendo corroído pela podridão escondida nas sucessivas mudanças travestidas de modernidade, tirando de nossos jovens e crianças a única chance de uma vida melhor: educação de qualidade.
As mudanças foram acontecendo com a tal redemocratização do ensino. Sorrateiramente foram introduzidas ideologias dominantes que tiram de nossas crianças e jovens a oportunidade de evoluir cognitivamente e vivenciar os valores inerentes a todo ser humano na busca do desenvolvimento pessoal e profissional.
Tudo começou nas universidades com a doutrinação dos futuros profissionais. As salas de aula são solos férteis para a semeadura. Gradativamente as sementes foram sendo disseminadas. Lembro-me das primeiras mudanças no ensino básico com a eliminação das disciplinas: Educação Moral e Cívica, OSPB (Organização Social e Política do Brasil), PPT (Preparação Para o Trabalho), e sutilmente tantas outras, mas nós professores não questionamos. Depois veio o avanço progressivo que foi transformado em promoção automática, levando à acomodação professores, pais e alunos, pois aprendendo ou não, avam de ano. Pais ficavam felizes porque os filhos não repetiam de ano, alunos tornaram-se negligentes e professores acomodaram-se. E assim a degradação do ensino foi tomando corpo e ninguém fez nada. A situação das escolas brasileiras hoje não é apenas preocupante, é caótica, do ensino fundamental ao superior.
Estamos formando analfabetos funcionais, indivíduos que, embora possam reconhecer letras e formar palavras, não conseguem compreender ou utilizar a informação de forma adequada em situações práticas, são incapazes de interpretar e associar informações. Essa limitação compromete a capacidade de interação social e profissional das pessoas, dificultando seu desenvolvimento pessoal e profissional, consequentemente comprometendo o desenvolvimento econômico do país, uma vez que limita a capacidade da população de contribuir de maneira qualificada para o mercado de trabalho.
Enquanto isso as autoridades governamentais tentam ar à sociedade uma imagem de que a educação no país caminha a os largos, que o índice de analfabetismo diminuiu, que as escolas nunca foram tão bem equipadas como o são, que professores são valorizados e estimulados, mas a realidade que se apresenta é desesperadora, e só não enxerga quem não quer. O o à escola existe, porém falta qualidade no ensino.
Dito isso, quero falar um pouco sobre a avaliação do INEP/2023 (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira) que divulgou os resultados nessa semana sobre o desempenho das universidades. O descaso das autoridades já começa pelo prazo de divulgação. Já estamos caminhando para a metade do ano de 2025 e a avaliação só sai agora. Sabendo que os dados de uma avaliação servem para a melhoria do processo, significa que permaneceremos dois anos sem corrigir as distorções.
Mas, vamos aos dados: das 2.101 instituições de ensino superior, públicas e privadas analisadas, apenas 66 obtiveram o conceito máximo, o que significa 3,14%. A avaliação é obtida a partir do desempenho dos acadêmicos no ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), da qualificação dos professores, da qualidade da infraestrutura e do valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos alunos, uma vez que são confrontados os resultados do ENEM (início da graduação) e ENADE (término).
Mas, hoje não são apenas os exames de proficiência dos estudantes que denunciam a realidade. Brasileiros de todos o pontos do país, de variadas faixas etárias, de níveis socioeconômicos e escolaridade diversificados, apontam a má qualidade do ensino como um entrave para o desenvolvimento do país, ficando evidente que os graves problemas enfrentados pelo povo brasileiro poderiam ser minimizados se a educação fosse tratada com seriedade.
Ob.: Voltarei ao assunto na próxima semana.
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Adolescência. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso31/03/2025 15h00
Imagem/ Reprodução Poliene Rieger
Nos últimos dias as mídias sociais estão sendo tomadas pela comoção de pais, professores, médicos, psicólogos, psiquiatras, enfim por inúmeros segmentos sociais diante da exposição do filme ADOLESCÊNCIA, revelando uma realidade: a sociedade, como um todo, não tem se dado conta que o uso desenfreado das redes sociais está matando nossas crianças, adolescentes e jovens. De forma clara, objetiva e chocante é um chamado à responsabilidade de pais e educadores para que tenham um olhar atento e diferenciado nessa fase de transição de nossas crianças.
Fazendo uma analogia, a cabeça de um adolescente é “uma orquestra sem maestro”. Precisa de alguém que ensine colocar no instrumento notas, tom, musicalidade, porque do ajuste, comprometimento, adequações surge a harmonia e sucesso do grupo. Quando a orquestra desafina, o fracasso é inevitável. Nós, família e educadores, somos maestros de uma orquestra que não pode desafinar… Talvez, na correria do dia a dia esquecemo-nos de revisar nossas ferramentas para execução do nobre trabalho de formar e informar nossos adolescentes.
O filme “Adolescência” nos traz inúmeras lições, dentre elas a importância da comunicação e do diálogo aberto e sincero entre pais e filhos. A família é o pilar fundamental na formação da identidade e no e emocional dos adolescentes. Através das interações dos personagens, fica evidente que muitos conflitos se originam da falta de compreensão entre adolescentes e adultos. Isso ressalta a necessidade de um espaço seguro onde os jovens possam expressar seus sentimentos e preocupações, facilitando, assim, uma conexão mais profunda com a família e amigos. É preciso aprender ouvir ativamente e buscar entender as emoções do outro para promover relações mais saudáveis. Quando os desafios são enfrentados juntos, os laços familiares são fortalecidos, dando aos adolescentes um sentimento de pertencimento e segurança emocional
Outra lição significativa que o filme nos oferece é a questão da identidade. Na adolescência, os jovens estão em busca de compreender quem são e qual é o seu lugar no mundo. Eles lidam com influências externas, como a pressão social e a necessidade de aceitação, que muitas vezes os leva a decisões equivocadas. É preciso respeitar o processo de autodescoberta dos adolescentes e oferecer apoio para que eles possam fazer escolhas alinhadas com seus valores e individualidade. As relações interpessoais podem trazer tanto apoio quanto desafios. As complexidades das amizades, incluindo a lealdade, a traição e os conflitos, são retratadas com realismo, ilustrando a necessidade de cultivar relações saudáveis e de aprender a lidar com as desavenças.
O filme nos convida a refletir sobre a saúde mental, evidenciando a pressão emocional que os jovens enfrentam, seja em relação ao desempenho escolar, às expectativas familiares ou à busca por um propósito. Essa representação nos faz considerar a importância de cuidar da saúde mental na juventude e de promover um ambiente onde os adolescentes se sintam confortáveis para buscar ajuda quando necessário.
Outro ponto importante abordado é a presença da pressão social que os jovens enfrentam dentro do ambiente escolar. As questões de aceitação e pertencimento são intensificadas nesse contexto, onde a busca por popularidade pode levar a situações de bullying, exclusão e ansiedade. Nesse contexto, a responsabilidade da escola vai além da transmissão de conteúdo: é fundamental que as instituições desenvolvam um ambiente inclusivo e seguro, onde os estudantes se sintam valorizados e respeitados, ajudando-os a compreender e lidar com a diversidade
Enfim, o filme “Adolescência” nos traz lições valiosas sobre comunicação, identidade, relações interpessoais e saúde mental. Sua narrativa sensível e reflexiva nos ajuda a compreender melhor os desafios enfrentados pelos jovens e a importância de apoiá-los durante essa fase crucial de suas vidas. Assim, o filme não apenas entretém, mas também educa e instiga a reflexão sobre a adolescência em um mundo em constante transformação.
Senhores Pais e Professores, por favor, assintam esse filme